Jornalismo do Cidadão, Jornalismo Comunitário, Jornalismo Distribuído, Jornalismo de anotação, Jornalismo Pessoal, Jornalismo de Fonte Aberta, Jornalismo Público, Do-It-Yourself Journalism, Grassroots Journalism, Nano-Journalism, Nano-Publishing, Open Media, Thin Media, Two-Way Journalism…
Múltiplas expressões para definir um único fenómeno que tem vindo a preocupar a comunidade jornalística mundial. Uma problemática que tem sido alvo de múltiplas especulações e teorizações. Palestras têm sido realizadas em faculdades para clarificar o conceito; artigos têm sido publicados para informar a sociedade; blogs e livros têm sido lançados com o único propósito de aprofundar o estudo e análise desta temática, que, cada vez mais, faz parte do nosso dia-a-dia.
Mas o que é exactamente o jornalismo do cidadão?
A Internet e as tecnologias multimédia evoluíram de tal forma através de blogs, e-mails, newsletters, fóruns, câmaras digitais, os telemóveis com máquinas fotográficas, telemóveis com Internet, etc. que possibilitaram a qualquer cidadão comum, com acesso as estas novas tecnologias, a divulgação de informação (seja qual for a sua natureza) para um público vasto.
Estes cidadãos passaram de meros espectadores, a participantes activos na realidade que os rodeia; passaram de consumidores de informação a produtores de informação.
Os Mass Media vêem o seu monopólio de informação ser-lhes retirado: já não é através deles que os cidadãos chegam à informação, mas por eles próprios através da Internet. De acordo com Jeff Jarvis, um dos maiores bloguistas americanos, a Internet é o primeiro meio de informação que dá voz ao público e do qual este é proprietário. O consumidor passivo começa a procurar e a produzir de forma autónoma a sua própria informação.
O jornalismo mainstream encontra-se agora no meio de uma “crise existencial”: perderam a exclusividade da razão da sua existência, perderam a exclusividade da Notícia.
Ela agora pode ser produzida por qualquer um, a qualquer hora, sem qualquer custo e com publicação garantida na Web para uma vasta audiência “Qualquer pessoa com alguma coisa para dizer e acesso ao software correcto pode ser um editor, informador, um observador de grandes e pequenos acontecimentos.” Joan a)
É impossível competir com os cidadãos: eles estão em todo o lugar, a todo o momento, ultrapassando a cobertura de qualquer rede de correspondentes.
É exactamente no âmbito desta problemática que começam a surgir teorizações sobre a relação entre o jornalismo e o jornalismo do cidadão.
Será que estes novos cidadãos jornalistas são completamente independentes dos Mass Media? Será que os jornalistas devem menosprezar o trabalho dos cidadãos comuns?
Os vários teóricos, não só provenientes dos ramos do jornalismo, como provenientes de muitas outras áreas do saber, começam a discutir entre eles várias opiniões sobre o papel dos jornalistas na sociedade. Até mesmo a própria definição deste novo fenómeno, Jornalismo do Cidadão, é tema de acesas discussões e divergências. Entre esses teóricos está Dan Gillmor, um dos primeiros jornalistas a reconhecer o movimento dos cidadãos jornalistas.
Ao contrário de muitos outros profissionais da área que olham para o cidadão jornalista como uma ameaça ou como uma raça a exterminar, Dan Gillmor vê esses cidadãos como um complemento muito útil para o jornalismo.
O jornalismo do cidadão ou grassroots journalism, como muitas vezes se refere, não vem substituir o jornalismo tradicional, vem complementá-lo, melhorá-lo. Segundo ele “é a melhor oportunidade de que dispomos, em décadas, de fazer ainda melhor jornalismo”.
Para o teórico, torna-se cada vez mais óbvio que os cidadãos não só podem como devem ser uma parte integrante do processo noticioso.
O próprio jornal The New York Times corrobora a tese de Dan “com um blog a surgir a cada segundo (dados da BBC), que redacção pode competir com milhões de especialistas espalhados pelo globo?”
Num dos seus últimos lançamentos, “We The Media”, o autor, que também é proprietário de um badalado blog, relata vários casos onde o contacto com os seus leitores e fontes se torna muito útil. Diferentes olhares sobre a composição do texto, informação ou testemunhos adicionais, diferentes perspectivas e opiniões, todas estas componentes, que enriquecem o texto jornalístico, são fornecidas pelos leitores, algo a que Dan gosta de apelidar de Jornalismo Interactivo.
O blog do jornalista serve também como suporte de publicação a anotações e apontamentos de rotina interessantes assim como a artigos que não foram incluídos no jornal por falta de espaço.
Outro autor que acredita que o jornalismo do cidadão fornece é um contributo vital para o jornalismo mainstream é J.D. Lasica, que define esta actividade do cidadão como jornalismo participativo.
Lasica considera que os Weblogs são uma forma mais popular e abragente para definir o jornalismo participativo. Os blogs são a materialização do processo de jornalismo participativo, isto é ele traduz a vontade dos indivíduos de adoptar um papel activo no processo de recolha, selecção, relato, análise e disseminação das notícias e da informação, algo que anteriormente estava reservado, quase que exclusivamente, aos Media noticiosos.
O autor faz ainda uma distinção importante entre ambas as formas de jornalismo: enquanto que o jornalismo tradicional funciona sob um rígido conjunto de normas e hierarquias como o agendamento, o lucro e inflexíveis padrões editoriais, os blogs correspondem a uma gama de valores diferente. Ao contrário dos grandes media noticiosos, os blogs não são suportados pela publicidade, nem se regem por valores económicos. Os bloguistas valorizam os debates, conversas e tertúlias informais; valorizam a igualdade; consideram os diversos pontos de vista e valorizam uma escrita interessante e humorada em detrimento dos lucros, da centralização do poder e da escrita rígida e parcial.
Segundo Lasica, os cidadãos estão lentamente a descobrir o quão fácil é interpretar o papel de um repórter ou de um editor. Não é necessário ter uma equipa de jornalistas e editores treinados para praticar jornalismo casual, basta ter acesso a um computador, ligação à Internet e dominar alguns dos truques que são a alma do negócio: reportar o que se vê, analisar os acontecimentos de forma significativa e interessante e o mais importante de tudo, ser justo e reportar a realidade tal qual o sujeito e as fontes de informação a vêem. Para Lasica, os bloguistas são perfeitamente capazes de o fazer.
Não muito afastados das opiniões anteriormente referidas estão Shayne Bowman e Chris Willis, autores do livro “We Media”.
Estes autores centram o desafio da sobrevivência do jornalismo tradicional não na forma como informam, mas na forma como incentivam e possibilitam o diálogo entre os cidadãos, uma perspectiva que acaba por se encontrar muito próxima à de Dan Gillmor. Esta é a ideia-chave do livro “We Media” e o prefácio do livro é bastante explícito quanto a ela “Estamos no começo de uma Era de Ouro para o jornalismo – mas não para o jornalismo como o conhecemos. Futuristas dos Media previram que, pelo ano 2021, os cidadãos estarão a produzir metade das notícias de forma horizontal (de cidadão para cidadão). No entanto, os Mass Media têm ainda verdadeiramente que adoptar ou experimentar estas novas tecnologias.”
Os dois autores adoptam uma perspectiva de análise da relação jornalismo tradicional/ jornalismo participativo bastante interessante e diferente das perspectivas anteriores. Eles remetem esta relação para o futuro e fazem uma espécie de previsão dos destinos destas duas actividades.
De acordo com eles, o jornalismo “as we know it” irá sofrer alterações no que diz respeito à sua hegemonia e irá passar por uma redefinição de credibilidade: quem a possui e o que é necessário para a possuir. Outras nuances previstas, mas que, no entanto, já se fazem ver são as alterações a nível dos modelos económicos das empresas noticiosas e a nível das exigências e expectativas do público no processo noticioso.
Para Shayne Bowman e Chris Willis os benefícios que os “Nós Media” trarão para o jornalismo mainstream são óbvios e directamente relacionados com a evolução dos mesmos. A colaboração entre estas duas formas de jornalismo além de trazer mais credibilidade aos órgãos noticiosos tradicionais, vai permitir uma partilha das responsabilidades informativas. Esta associação mútua permitirá atrair as audiências mais jovens e proporcionará uma maior aproximação ao público.
Para concluir a análise das perspectivas mais optimistas sobre o fenómeno do jornalismo do cidadão, achei interessante mencionar uma frase da obra “We Media”, que acaba por resumir as opiniões destes autores. Em relação à forma como os Media tradicionais devem olhar para esta camada emergente de cidadão jornalistas: “Abraça o público como um cúmplice estimado, abraça o destinatário como um inovador e partilha a história, não a possuas.”
Vamos passar para a exposição de um rol de opiniões um pouco menos receptivas e mais conservadoras em relação ao papel dos jornalistas tradicionais e dos cidadãos jornalistas no processo noticioso.
Um dos que adopta esta visão mais receptiva é o professor universitário Jose Luis Orihuela.
O académico não rejeita a existência de blogs e de bloguistas, mas não lhes confere de forma alguma uma feição noticiosa. Orihuela acredita que os weblogs podem ser uma forma de jornalismo, mas não necessariamente, por serem weblogs. O professor universitário não crê que as publicações que os cidadãos realizam possam ser definidas como jornalismo, ele acredita que “jornalismo sem jornalistas é como a medicina sem médicos: não passa de bruxaria ou curandeirismo”. Orihuela adopta também uma forte posição contra a expressão Jornalismo, pois não acha que defina correctamente aquilo que os cidadãos publicam nos seus blogs. As expressões que acredita servirem melhor o tipo de actividade que o cidadão realiza seriam Publicação em Colaboração (Collaborative Publishing) ou Discussão Distribuída (Distributed Discussion).
Como muitos outros autores Orihuela acredita que os profissionais de jornalismo são os únicos aptos para realizar o jornalismo, pois possuem critérios e normas a que obedecem para que a informação seja correctamente tratada e publicada, O académico atribui especial relevância ao papel dos editores, porque são estes que filtram e seleccionam a informação a ser transmitida ao público. Sem pessoas devidamente treinadas e formadas para a função, as informações circulam de forma descontrolada. De acordo com José Luís Orihuela a sequência correcta das acções é invertida, passando de “primeiro filtra depois publica para primeiro publica depois filtra”.
A bloguista e autora do livro “The Weblog Handbook”, Rebecca Blood partilha a mesma opinião de Orihuela, no entanto, introduz uma novidade: apresenta a problemática do ponto de vista do bloguista e não jornalista propriamente dito.
Rebecca Blood acredita que os weblogs não são, de maneira nenhuma, uma forma de jornalismo e não deveriam aspirar a sê-lo. Os blogs são mais fortes e interessantes se forem vistos como algo diferente do jornalismo e, segundo a autora, tentar enquadrá-los nos moldes do jornalismo, afasta-se completamente dos objectivos originais de um blog.
Como teórica sobre a ética dos blogs, Rebecca Blood tem consciência de que muito da ética que deveria estar presente nos blogs é semelhante á que está presente nas redacções dos Media noticiosos: critérios como a verdade, a citação das fontes informativas, confirmação e averiguação de qualquer informação incerta ou incorrecta. No entanto, as bases da escrita jornalística, a objectividade e a imparcialidade, não fazem parte da escrita dinâmica e humorada de um blog. Seria completamente falso apregoar e aplicar estas regras aos blogs, uma vez que iriam contra a sua natureza. Segundo Rebecca, o pilar central da escrita de um blog baseia-se única e exclusivamente na verdade e na transparência das opiniões e talvez seja essa, a razão da popularidade dos blogs. Para a autora, ao fazer isto, os cidadãos estão a negar por completo os critérios básicos do jornalismo.
Outro teórico que separa as áreas do jornalismo e do bloguismo é Jay Rosen, que afirma que ambos existem em universos separados e distintos, cada um deles com características diferentes.
Segundo Rosen, o universo do blog é regido pelo post e tem em seu poder trunfos como os links que disponibiliza e a utilização e consulta de baixo custo, o que significa uma grande adesão.
Já o universo do jornalismo é regido pela história (furo jornalístico) e os seus trunfos residem no acto de reportar, verificar e ter liberdade de aceder à maioria da informação que deseja adquirir (fontes de informação, grande lista de contactos, conhecimentos de informadores valiosos).
Para Rosen, muito à semelhança de Rebecca Blood, as pessoas precisam de entender que os bloguistas relatam e escrevem a partir do seu próprio imaginário, o que os leva muitas vezes a palco da opinião pública. As suas opiniões e sentimentos são muito intensos e conheceram com os blogs, o primeiro meio de exprimir e democratizar esses ideais. Em contrapartida, o jornalismo mainstream relata e critica aquilo que um conjunto de regras e normas de conduta lhe dizem que pode extrair da realidade. Através de um ambiente e processo lentamente inculcados na mente do jornalista ele relata as notícias da realidade em redor. Extrair informação, verificar a informação, editar, publicar, distribuir as notícias são processos rotineiros do jornalista. Ao longo do tempo estes processos, normas, regras de conduta e éticas às quais o jornalista tem de obedecer vão afirmar-se junto ao público e trazer, gradualmente, ao jornalista e ao órgão para o qual trabalha reconhecimento, credibilidade, veracidade… tornam-se ícones.
Todo este “microclima” existente em torno do jornalismo e todas as consequências daí provenientes separam por completo o bloguismo e o jornalismo.
“Os blogs não são jornalismo. Quando separamos estes dois universos estamos a honrar ambos.” Jay Rosen
Para encerrar a apresentação da vertente mais conservadora desta questão, irei expor as opiniões de Jeff Jarvis em relação à questão do jornalismo vs jornalismo do cidadão.
Jeff Jarvis é considerado um dos maiores bloguistas do mundo, passo a citar Roy Greenslade que se referiu a Jeff Jarvis no “Guardian Unlimited” como “O Bloguista dos bloguistas”.
Jeff Jarvis centra grande parte da problemática na utilização de uma expressão que defina correctamente este novo conceito. Na sua opinião, a expressão “jornalismo do cidadão” é uma escolha errónea para definir o conceito, em vez prefere a expressão “jornalismo em rede” (Networked Journalism).
Para o bloguista a expressão jornalismo em rede parece mais plausível, porque ela descreve a natureza cooperativa do conceito: jornalista e amadores a trabalharem em conjunto para se aproximarem o mais possível da realidade, através da troca de informação, questões, ideias, perspectivas. A expressão reconhece as relações complexas que irão fazer as notícias, além de centrar a significação do conceito no processo e não no produto.
Quanto à má utilização do conceito, Jeff Jarvis vai mais fundo ao dizer que é uma expressão demasiado ambígua para definir um conceito que já por si é ambíguo. “Jornalismo” e “Cidadão” são palavras que por si só são extremamente complexas, senão impossíveis, de definir, o que torna o conceito ainda mais difícil de conceber. “Nunca consegui chegar a uma definição de jornalismo melhor do que “sabes o que é quanto o vês” e definir cidadão é igualmente complicado, sem mencionar que a palavra “cidadão” continuará a excluir milhões de pessoas expatriadas e migrantes económicos à volta do mundo”.
Seja quanto à sua definição, seja quanto ao seu significado, seja quanto à sua função, o jornalismo do cidadão é um conceito que continua a provocar dúvidas e questões nos seus estudiosos.
No entanto, e depois de analisar os autores de ambas a vertentes, podemos chegar à conclusão que não nenhum deles rejeita ou nega esse conceito. Mesmo os teóricos que adoptam uma visão mais conservadora admitem que a existência desta “discussão distribuída” da realidade à nossa volta é um factor bastante positivo e que só contribuirá para a evolução do jornalismo mainstream. Alguns podem até não aceitar os cidadãos como profissionais do jornalismo, mas admitem-nos como uma sociedade crescentemente informada e ciente do que se passa à sua volta. Reconhecem que, embora os blogs não sejam necessariamente jornalismo, são um enorme contributo para uma população mais receptiva a notícias, mais participativa e informada.
Os blogs são uma forma de os cidadãos comunicarem entre si, trocarem opiniões, criticarem-se mutuamente e todos os teóricos aqui mencionados são de opinião que este novo fenómeno, embora de definição controversa, só veio beneficiar os Meios Noticiosos e os cidadãos.
A relação entre o jornalismo e o grassroots journalism promete ser conflituosa, isto porque ambos se encontram num eterno processo de retaliação. Leslie Walker do Washington Post afirma que os seus leitores nunca deverão confiar na informação que vêem nos blogs, pois não tem qualquer tipo de critérios de justiça, objectividade, credibilidade e verdade, algo que o jornalismo tradicional tem.
O problema está justamente aí, assumir que os blogs são tentativas amadoras de fazer jornalismo. Assim como Rebecca Blood o afirma, os blogs têm um universo e o jornalismo tem outro completamente diferente
São poucos os bloguistas que se pensam jornalistas, embora muitos saibam que os seus blogs por vezes “raspam” o jornalismo. Uma das coisas mais incríveis que vêm da utilização dos blogs pelos cidadãos, é a forma como estes aprendem a seleccionar aquilo que deve ou não ser dito. Eles próprios começam a ganhar consciência do que deve ou não ser visto pelos outros. Além do facto de ganharem a prática de analisarem criticamente os conteúdos informativos, isto acaba por fazer deles melhores leitores e melhores cidadãos, pois estão mais conscientes da realidade à sua volta.
É do conhecimento geral que muitos jornalistas olham com desconfiança para os cidadãos jornalistas, orgulhosos do seu posto e da sua função não admitem que alguém ou alguma coisa lhes venha tirar os “louros” da profissão. Descrevem os cidadãos que tentam expressar-se através dos blogs ou outros meios como narcisistas e amadores incapazes e é claro que os cidadãos acabam por olhar para os jornalistas como seres elitistas e arrogantes que colocam os interesses pessoais acima das suas responsabilidades para com a sociedade.
Na minha opinião, o grande conflito entre a classe dos profissionais e a classe dos amadores reside justamente aqui, na retaliação. Os jornalistas não gostam de cidadãos que difundem a própria opinião e os cidadãos não gostam dos jornalistas que oprimem qualquer tentativa de expressão pessoal. A verdade é que nem os profissionais nem os amadores têm a razão.
Os jornalistas precisam de por de lado aquela ideia retrógrada de que o jornalismo é uma arte altamente secreta e só os eleitos, que foram treinados para esse arte, a podem praticar. O que acaba por fazer do jornalismo uma arte praticada por uma casta especial e completamente inacessível às massas.
Ao analisarmos várias perspectivas sobre esta relação controversa, penso que é possível chegarmos a uma conclusão.
Pessoalmente, estou convicta que o lugar dos jornalistas jamais será usurpado pelos cidadãos, aliás, assim como Jeff Jarvis, não creio que esta expressão seja a melhor para definir o fenómeno. Os blogs apareceram com um objectivo muito próprio, um ecossistema específico e em nada entram em conflito com o jornalismo, muito pelo contrário. Embora não tenha uma perspectiva tão optimista como a de Dan Gillmor, concordo com ele quando este afirma que os blogs e a participação mais activa dos cidadãos na sociedade apenas trouxeram benefícios. Para os jornalistas, pois têm muito mais fontes de informação; têm melhores relações com essas mesmas fontes de informação; têm a contribuição de outras perspectivas na elaboração de um texto; têm mais contacto com o público, ficando a conhecê-lo melhor e consequentemente pode agradá-lo mais facilmente, etc. Para os cidadãos, pois têm a oportunidade de participar e melhorar a sociedade em que vivem; começam a saber seleccionar a informação útil da informação inútil; começam a estar mais cientes do mundo à sua volta; começa a aperceber-se mais facilmente das falhas e das vantagens da sociedade em que vivem, concluindo, este tipo de actividade acaba por formar cidadãos conscientes e jornalistas mais competentes.
O jornalismo e os blogs não são arqui-inimigos, muito pelo contrário, na minha opinião, fazem uma dupla tão fabulosa quanto o Batman e o Robin. Cada um deles tem a sua função e nenhum compromete o trabalho do outro, ajudam-se e certas vezes complementam-se.
É importante também não esquecer a origem da palavra jornalista: alguém que guarda informação dos eventos do dia-a-dia e ninguém melhor para dar essa informação do que o próprio cidadão.
a) Dan Gillmor, 2006, "We the Media", O'Reilly Media
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